Djalma Pinheiro

Ah, se eu fosse um poeta....

Textos

Meu conto de natal deste ano é na realidade uma longa crônica da vida cotidiana, onde dois anjinhos nos ensina o maior dos sentimentos a AMIZADE. Alguns podem achar ele pesado, mas é quase que real...
 
CRIANÇAS DE NATAL EM AMIZADE...
 
Carla e Roberto, lindo casal da chamada classe média alta, ambos com bons empregos ele um alto executivo da Construtora da familial e ela uma renomada Jornalista. Estavam sentados na varanda de seu apartamento em uma cobertura no bairro mais luxuoso e caro da cidade, eram só felicidade. Pois além de serem lindos, bem sucedidos e ricos, estava à espera de seu primeiro filho, pois Carla estava no oitavo mês de gestação.
 
Gestação esta planejada cuidadosamente, pois ele aos trinta e seis anos e ela aos trinta e dois, estavam já casados há oito anos e só queria teriam seu herdeiro ou herdeiros quando já estivessem com suas vidas totalmente estabilizadas o que é uma pratica comum para as pessoas de bom senso, haja visto que criar filhos atualmente tem que se ter estrutura bem definida. Já com  o nome de do menino escolhido se chamaria João Carlos, nome escolhido para homenagear o pai de Carla o Senhor João prestigiado empresário e o de Roberto que se chamava Carlos, grande empresário do ramo de construção.
 
Em sua ultima visita que fazia quinzenalmente ao seu médico na ultrassonografia dava como tudo normal com o bebe e já na próxima visita iriam predeterminar a data para a cesariana, pois segundo o medico ela teria pouca dilatação, portanto seria um parto por cesariana.
 
Já em outra parte da cidade em uma comunidade simples da periferia estava na laje tomando banho de sol a jovem Ângela e seu também jovem companheiro Antônio Carlos, ela uma linda adolescente estudante de dezesseis anos  e Antônio Carlos um bom menino que trabalhava em construção civil e estudava a noite  aos dezoito anos já ia se tornar pai, pois sua companheira estava grávida também de oito meses.
 
Conheceram-se na própria comunidade e nos bailes funk’s que os dois iam se divertir e começaram a namorar. Os dois filhos de pessoas trabalhadoras e humildes tiveram uma educação simples, pobre sim, mas com uma boa formação, pois os pais de ambos eram muito rígidos no quesito de honestidade.
 
Estavam apreensivos quanto ao nascimento de seu filho também, pois mesmo a menina Ângela tendo tentado com o apoio da mãe fazer um bom pré-natal, muitas vezes ia aos dias de sua consulta marcada  não tinha medico no posto de saúde e assim ficava o acompanhamento de sua gestação por obra e graça do AMIGO MAIOR, em uma das três vezes que foi atendida conseguiu fazer sua ultrassonografia, mesmo tendo o aparelho do posto apresentado problemas em seu monitor e a médica que a atendeu deu quase certeza que seria um menino. Só não o afirmando por problemas no equipamento.
 
A menina Ângela e seu companheiro Carlos, ficaram então impossibilitados de não só escolher um nome certo para o seu filho ou filha, mas como o improviso é uma coisa fácil para quem tem que lutar pela vida e sobrevivência acertaram que seriam nomes bíblicos, pois sua familiar eram quase que a totalidade evangélica, inclusive ate mesmo os parentes que viviam erradamente do tráfico na comunidade.
 
Se for homem vai se chamara Abraão e se for menina será chamada de Sara e assim ficou determinado, pois também não teria muitos problemas como enxoval haja visto que a maioria dos itens seriam ganhos e prometidos de outros casais, desde o berço às roupas, o que é normal a pratica em comunidades simples, pois é onde, mas se doam, conforme os filhos vão crescendo repassam muitos itens aos filhos mais novos de parentes e amigos.
 
Quatro dias antes de Natal, Carla e Roberto tinham agendado a visita ao medico para a ultima ultrassonografia antes do nascimento e também agendar o nascimento para noite de vinte e quatro de dezembro, pois queriam que seu filho João Carlos nascesse no mesmo dia do AMIGO MAIOR, pois ambos são de formação católica.
 
Saíram felizes, pois estava tudo correndo dentro da normalidade com a mãe e com o bebe a nascer, ficou acertado que na manhã do dia vinte e quatro Carla iria se internar em um doas melhores hospitais da cidade, já com um quarto separado e reservado para mãe e para o bebê.
 
Já em casa os dois resolveram que iam passar antes da ida ao hospital na casa dos pais de ambos para que tivessem a benção de seus pais até porque era caminho.
 
O dia vinte e quatro foi marcante para os casais Carla e Roberto, bem como para Ângela e Antônio Carlos, pois o destino deles iam se encontrar o que poderia ser impossível aconteceu. Como o combinado Roberto estava levando Carla para o Hospital e passado também como o combinado nas casas dos pais de ambos. Tendo inclusive o Senhor João pai de Carla oferecido seu  motorista para leva-los para o hospital o que foi  dispensado por Roberto.
 
Roberto estava ao volante em uma via da orla levando Carla para a o hospital maternidade, mas eis que muito der repente naquele bairro de alto luxo, vinha  um porsche em altíssima velocidade conduzido por um irresponsável drogado que havia acabado de passar por uma blitz da Lei Seca e não fora apanhado, pois só havia fumado muita maconha, mas sem beber álcool.  E ao avançar um sinal fechado colidiu com o carro de Roberto. Ambulância do SAMU apareceu também do nada em menos de dez minutos do acidente que já havia uma aglomeração de curiosos, a policia já em cima do motorista do porsche e tudo mais.
 
Roberto ferido gritava desesperadamente para que salvassem sua mulher e seu filho prestes a nascer, Carla inconsciente  foi tirada do carro e posta na ambulância junto a Roberto que ainda lúcido, pois a batida foi em cheio  no lado em que ela estava no banco traseiro, os atendentes perguntaram então a Roberto só queria ir para algum hospital especifico ali perto, com a afirmativa dele que o hospital estava próximo e já tinham agendado o nascimento de seu filho.
 
Família já avisada se agitava freneticamente para por os melhores recursos existentes na cidade para atender ao casal e ao rebento prestes a nascer. Carla já na entrada da ambulância do SAMU voltou a si e como toda mãe, pedia para que salvassem seu filho mesmo que ela tivesse que morrer. Não foi necessário em menos de quinze minutos já os esperavam na emergência do hospital uma equipe completa de médicos e outros profissionais da saúde, para salvar os casal e seu esperado filho.
 
Depois do casal já atendido na emergência, decidiram não esperar a noite para a cesariana, pois com a colisão viram numa ultrassonografia feita na emergência alguma anormalidade com o bebê.
 
La foi Carla mesmo ferida, mas já devidamente medicada  para a sala de parto, onde o mesmo fora feito e assim nasceu João Carlos, nos exames preliminares nada se constatou, mas em um mais aprofundado viram que com a colisão surgira uma anomalia do pequeno coração do bebê que se não fosse feito um transplante em menos de doze horas ele viria a óbito.
 
Desespero tomou conta de toda a família, tendo os pais do casal ativado todos os seus recursos financeiros e jurídicos para arrumar um coração para salvar o pequeno João Carlos.
 
O irresponsável que causou o acidente ao chegar à delegacia o esperava uma tropa de advogados, pois como o casal também era da chamada classe média alta e por não ser comprovado que ele estava alcoolizado, nada  o impedia de pagar uma mera fiança de mil e poucos reais e ir para casa acabar de se drogar ou simplesmente dormir. Esta é a realidade desta demagógica LEI SECA, se não beber pode matar e ir pra casa dormir. Pois no máximo será condenado a pagar cestas básicas e a uma fiança de não mais de dois mil reais.
 
Na comunidade carente exatamente em cima da laje a adolescente Ângela começa a sentir uma forte dor, isto era por volta das duas da tarde do mesmo fatídico dia vinte e quatro, escorria de sua perna sangue e secreção, desespero  total, ligaram para o SAMU, mas disseram que era área de risco e não poderiam ir sem a presença policial.
 
Meia hora se passa e nada de ambulância, o pessoal do tráfico fica sabendo do sufoco passado pela adolescente e ordenam que um morador proprietário de um velho e caído corcel II, leve a menina para o posto de saúde (onde o estado não funciona infelizmente os moradores ficam a mercê do trafico e o que se falar ao contrário e pura mentira e demagogia).
 
Ângela fora levada ao posto de saúde no bairro da comunidade, mas como sempre não tinha médico para atender, teve que peregrinar por mais três postos e dois hospitais públicos e todos sem vagas nas maternidades, Antônio Carlos desesperado por ver a sua amada e adolescente mulher e seu filho Abraão ou sua filha Sara, correrem perigo de vida. Socava o ar, mas com a esperança peculiar do povo sofrido da periferia que tudo ia dar certo.
 
Já por volta das oito da noite conseguiram uma vaga em uma maternidade distante há  uns cem quilômetros do ponto de partida inicial, ou seja, do primeiro posto de saúde, isso tudo no Corcel II caidinho do vizinho ordenado pelo tráfico, pois em todos os postos e hospitais alegavam não haver ambulância disponível.
 
Parto feito mesmo num ambiente publico e precário, com  falta de recursos e faltando até o mínimo, tipo esparadrapo e analgésico. Quando nasceu em fim viram o sexo, era uma menina logo chamada de Sara, mas que infelizmente por anomalia não vista com antecedência em ultrassonografias que não foram tiradas por falta de médicos nos postos ou equipamentos quebrados não sobreviria, mas que doze horas.
 
Os olhos do jovem casal ao saberem, se encheram de lágrimas, pois sua pequena  Sara, por irresponsabilidade profissional.  Profissional sim, pois um médico tem a obrigação de ir ao seu posto de trabalho salvar vidas e  infelizmente muitos não o fazem só vão e assinam seus pontos e saem fora e se mandam para casa dormir ou aos seus consultórios particulares faturar uma grana. O que para muitos é mais importante que o juramento de HIPÓCRATES. Bem como irresponsabilidade governamentais que só falam, em melhorias em época eleitoral, que a meu ver é pior que os  “profissionais” que faltam, pois se fossem sérios cortariam seus pontos e os mandaria embora.
 
Por volta das vinte e uma horas, estava na internet  no site do sistema público de saúde que uma criança nascida há uma hora num hospital de periferia, estava com suas horas contadas, pois nascera com graves complicações e só estando bom seu pequeno coração.  Agitação total no contingente de profissionais contratados pelos pais do casal Roberto e Carla. Os nobres senhores foram avisados do ocorrido e de uma chance de sobrevivência de João Carlos, mesmo que remotas, pois não restavam mais de seis horas.
 
Não havia tempo a perder para que João Carlos sobrevivesse, seus avós os Senhores João e Carlos, já tinha disposição um helicóptero no heliporto do majestoso hospital, e quando iam sair para a periferia com uma mala de dinheiro, eis que mesmo sem poderá sair Carla liga e diz que quer ir também com Roberto, passam longos cinco minutos e ei que surge aquela mãe sofrida de camisola e seu marido com a aparência sofrida e desgrenhada, adentram no helicóptero e vai ao encontro da salvação de seu querido João Carlos.
 
Chegam Próximo ao hospital, que logicamente não tem heliporto, mas sim um campo de futebol ao lado e ali aterrissarão. Já os estavam esperando o medico que fez o parto da pequena Sara e o administrador dó hospital. Indagados se podiam levar a pequena Sara,  eles disseram que sem com o consentimento dos pais da criança não.
 
Perguntaram onde estava o pai da Sara, o administrador apontou para o estacionamento onde estava o velho Corcel II, nisso foi à comitiva ao encontro de Antônio Carlos, que desesperado choramingava a perca de Sara. Na comitiva estavam Os pais do casal João e Carlos, o casal Roberto e Carla ela ainda com a roupa hospitalar e ferida e um Advogado funcionário de Carlos com uma maleta na mão.
 
Foram apresentados a Antônio Carlos e logo relataram o que necessitavam, mas o rapaz ainda atônito com a falta de sorte e revoltado com o que acontecera com sua amada Ângela e sua filha Sara, ficou se a mínima condição de racionar o que estava acontecendo e foi se encaminhando para uma pequena construção do lado de fora do hospital que servia como necrotério, pois lá sobre uma mesa fria de mármore estava envolto em um lençol o corpo de Sara ainda quente.
 
Todos falavam menos Carla que comovida também com o acontecido com o jovem casal, retirou o lençol envolto em Sara e instintivamente começou a acariciar seu rosto, que estava suave como um verdadeiro anjinho que era e em seus lábios um leve sorriso, como querendo aplacar a dor daquela mãe, não se sabia se era a dor da perca de uma pequena vida, revolta por não ter sido salva ou se era o pensamento que provavelmente daqui a horas estaria também acariciando o rosto de seu filho João Carlos.
 
Mas dado à urgência que o caso necessitava os homens imploravam a Antônio Carlos que assinassem a autorização para levarem o cadáver da pequena Sara. Já em desespero o João manda o Advogado abrir a mala e eis que nela deveria ter milhares de dólares. Revoltado Antônio Carlos exige que todos saiam e grita que sua filha não esta a venda, tumulto e desespero total.
 
Só restava então ao médico e ao administrador do hospital pedir que saíssem do local. Em outra sala do hospital já haviam contado a Ângela o que estava acontecendo e ela sorrateiramente ficou a espreita dos acontecimentos vendo tudo e ouvindo tudo por uma pequena janela.
 
Quando seguranças do hospital a pedido do administrador já retiravam todos que tristes e cabisbaixos saiam menos Carla que fora a ultima, mas antes de sair ela acariciou mais uma vez o rostinho inerte de Sara e o beijou.
 
Nisso adentra a porta vindo do nada Ângela e ordena que todos parem. Uma luz de esperança iluminou os rostos de todos, pois se apressaram a oferecer a Ângela à maleta com os dólares, ela pediu encarecidamente que levassem embora a maleta e repetiu as palavras de seu amado. O corpo de minha filha Sara não esta a venda, pediu só um instante e que todos não saíssem. Chamou Antônio Carlos seu companheiro no canto e em dois minutos o explicou o que queria.
 
PEDIU A CARLA QUE SE APROXIMASSE E FOI TEXTUAL EU VI E SENTI SUA DOR TAMBÉM, COMO VI QUE ESTAVAS SENTINDO A MINHA AO ACARICIAR E BEIJAR O ROSTINHO DE MINHA FILHA SARA E QUANDO VOCÊ A BEIJOU EU ME SENTI BEIJADA POR MINHA FILHA E VI NELA UM SORRISO, COMO QUE PEDINDO PARA EU AUTORIZASSE A SALVAR O AMIGUINHO DELA. NÃO QUERO QUE VOCE SINTA A DOR QUE ESTOU SENTINDO AGORA. VA LEVE MINHA FILHA E APROVEITE SEU PEQUENO CORAÇÃO EM SEU FILHO, SÓ TENHO A FAZER UM PEDIDO QUE O CHAME DE ABRAÃO. VÃO LOGO PARA DAR TEMPO DE OPERAREM SEU FILHO, VÃO EM PAZ E COM O AMIGO MAIOR.
 
Todos atônitos com a situação, mas não poderiam perder tempo, agradecerem efusivamente ao jovem casal e foram embora.
 
Já no dia vinte e cinco depois de uma operação bem sucedida em João Carlos, o casal Carla e Roberto, mesmo extenuados foram para a comunidade onde viviam Ângela e Antônio Carlos, pediram que ambos o s acompanhassem eles ao Hospital e La chegando por meio do vidro da CTI Infantil, disseram AMIGA A SARA VIVE JUNTO COM MEU FILHO E NÃO ABRIMOS MÃO QUE VOCES SEJAM OS UNICOS PADRINHOS DE ABRRÃO, ACHAMOS QUE NOSSOS FILHOS NOS DERAM O MAIOR PRESENTE DE NATAL SUAS AMIZADES SIMPLES E SINCERAS. OBRIGADO COMADRE E COMPADRE...
 
AGRADECEMOS AO AMIGO MAIOR, QUE TAMBÉM PODE SE CHAMAR DEUS, ADONAI, OXALA, ALÁ, JEOVÁ...

E DESEJO FELIZ NATAL A TODOS OS LARES E NUNCA SE ESQUEÇA DE CONVIDAR O DONO DA FESTA.
 
OBS: MINHA PERGUNTA O QUE VOCÊ FARIA?...
 

Djalma Pinheiro

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Imortal da Academia Mundial de Cultura e Literatura – Cadeira:13.

 
 

Djalma Pinheiro
Enviado por Djalma Pinheiro em 21/12/2014
Alterado em 03/02/2024
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